Necrotério dos vivos, dos vivos
Necrotério dos vivos aqui jaz, aqui jaz
Necrotério dos vivos você aqui jaz, aqui jaz
Não teve vela no castiçal e crucifixo
Mas desde o ventre materno tão te velando vivo
Quando se tem que sequestrar os filhos do gerente
Você existe biologicamente, mas não socialmente
Não passa de um escravo comprado
Com os direitos roubados pelo Ministério do Trabalho
Outro finado que respira e só sorri
Se o juiz converter a pena em Sursis
Foda-se sua declaração de nascido vivo
Assassinaram o controle do seu destino
Se o GARRA quiser, inventa reunião de facção
E espalha a carne da sua família por um quarteirão
Querem que você só sinta o batimento cardíaco
Rasgando o Brinks e curtindo num sítio
Enquanto eles criminalizam movimento social
Metralham denunciador de abuso policial
Prova da morte do nosso senso crítico
É o comício que não tem um drone explosivo
Walking Dead real, versão do opressor
Onde a vida começa no assalto na agência de penhor
Em breve no ar, mais uma transmissão ao vivo
De outro bonde invadindo rumo ao jazigo
Os manos vão tá de G3, festejando a tiros
Ampliando o 'nós que tá' no Necrotério dos Vivos
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos
Quer uma dica pra reanimação de cidadania?
Leia a Constituição 5 minutos por dia
Esquece se o mano canta rap de rolê
Sem crise, sem treta, se morder pra quê?
Lutar por sobrevivência não aceita infantilidade
Divisão entre nós por musicalidade
Viver é ter a opção de não ser torturado
Pelo delegado pra assumir os homicídios do bairro
É poder criar uma sociedade onde nossos ouvidos
Não ouçam um comandante da Rota estuprar o Artigo 5º
São iguais perante a lei um caralho!
Tem uma abordagem pra favela e outro pro bairro valorizado
No dia que fechar com algoz, tive morte encefálica
Odeio a casa grande, nasci na senzala
Por mim, tatuaria na testa do grã-fino:
Ladrão vacilão, matador de meninos
Que depois de atirar no uniforme da escola
Ainda faz postagem difamatória
Penso, logo existo, só curtiria o vídeo
Do politico cavando a cova pra ser enterrado vivo
Ele nos faz vegetar sem os 3 mil mensal
Que garante o nível superior educacional
Ele nos faz vegetar no Necrotério dos Vivos
Rajando o mosquito blindado que dizima o excluído
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos
O pior é saber que a criança no chão da escola
Em breve vai tá liderando conflito lá fora
Vai ser vítima da polícia e do blogueiro
Que pede tratamento à pólvora pro povo brasileiro
Meio ambiente não influencia seu cu!
É um mês indigente pra querer malote do Itaú
O que importa ter sinal vital?
Quando não se freiam os pelotões do terrorismo estatal
Quando não se vê que o ódio é a legitima defesa
Pra que o bebê não cumpra pena com a mãe presa
Enquanto somos politicamente sepultados
800 mil sonham com um bom advogado
O não contemplado no BNDES
Se desenvolve derrubando quem vacilou no GPS
Fique rico, ou morra tentando
Mas honre a morte em vida de seus pais se humilhando em trampos
Pra te livrar do parça gravando sua ação no carro
Gritando 'atira no fulano!' E você dando disparo
Fugi à regra, não tô num latrocínio
Esperando progressão depois de cumprir 2/5
Tô fazendo sangue e circo virar vida e livro
Mesmo que um tribunal condene meu ativismo
Vou botar água envenenada no chopp do rico
Ressuscitando Lázaros no Necrotério dos Vivos
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos
Mesmo longe dos sacos de corpos
Mesmo sem coração crivado de tiros
Mesmo sem túmulo com a sua foto
Você aqui jaz no Necrotério dos Vivos